O julgamento de Tetsuya Yamagami, 45, acusado de assassinar o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe em 2022, começa nesta terça-feira no Tribunal Distrital de Nara, marcando o início de um dos casos criminais mais marcantes do Japão contemporâneo.
Yamagami deverá se declarar culpado pelo assassinato, mas sua defesa deve pedir clemência, argumentando que ele foi vítima de “abuso religioso” por parte da Igreja da Unificação, grupo que ele culpa pela ruína financeira de sua família. Sua mãe teria doado cerca de 100 milhões de ienes (US$ 650 mil) à organização.
Segundo a acusação, Yamagami disparou uma arma artesanal contra Abe durante um discurso eleitoral em 8 de julho de 2022, em Nara. Ele teria escolhido o ex-premiê como alvo por causa de seus vínculos históricos com a Igreja da Unificação, introduzida no Japão por seu avô, o também ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi.
O julgamento, que deve se estender até 18 de dezembro, contará com 12 testemunhas, incluindo a mãe do acusado, um estudioso religioso e um parlamentar que presenciou o crime. A sentença está prevista para 21 de janeiro.
Yamagami passou por um exame psiquiátrico de seis meses e foi considerado mentalmente apto a responder pelos crimes, que incluem homicídio, danos materiais e violação das leis sobre armas e explosivos.
O assassinato de Abe revelou profundas conexões entre a Igreja da Unificação e políticos japoneses, provocando forte reação pública e levando o governo a pedir a dissolução da seita — decisão já aprovada pelo Tribunal Distrital de Tóquio, mas ainda sob recurso.
O caso também impulsionou mudanças na segurança de autoridades e trouxe à tona o sofrimento de filhos de fiéis da igreja, conhecidos como “seguidores de segunda geração”, vítimas de abusos físicos e psicológicos.
Shinzo Abe, o premiê que mais tempo governou o Japão no pós-guerra, liderou o país entre 2006 e 2007 e novamente de 2012 a 2020.
Fonte: Japan Today









