Uma fabricante japonesa de amortecedores usados em estruturas antiterremoto, KYB Corp, afirmou nesta sexta-feira que pelo menos 70 edifícios no Japão podem ter usado seus produtos. A empresa admitiu nesta semana que falsificou dados sobre a qualidade de alguns de seus produtos desde pelo menos 2003.
A KYB representa mais um episódio em uma série de escândalos que abalou a confiança do público nos produtos produzidos no país.
A companhia divulgou uma lista inicial de 70 edifícios que podem ter usado seus produtos com dados falsificados, incluindo prédios como o do Ministério das Finanças em Tóquio e várias outras estruturas governamentais.
A imprensa publicou que outros edifícios, incluindo a principal estação ferroviária de Tóquio e algumas instalações das Olimpíadas de 2020, podem ter usado produtos da KYB.
Representantes da KYB afirmaram durante entrevista coletiva que apesar da lista inicial ser formada por 70 edifícios houve confirmações de 28 deles utilizando seus produtos.
O número real de edifícios que podem estar usando produtos da companhia pode chegar a 1.000, afirmaram os executivos.
“Gostaríamos de pedir desculpas por este tipo de ação inapropriada”, disse Keisuke Saito, um executivo sênior da empresa.
Shigeki Hirokado, presidente da subsidiária Kayaba System Machinery, que também se envolveu na falsificação dos dados, afirmou que os absorvedores de impacto foram exportados para Taiwan e que alguns deles eram defeituosos, mas que o volume era “extremamente pequeno”.
Um dos tipos mais comuns de absorvedores de impacto de terremoto é um mecanismo semelhante a um pistão, normalmente instalado na fundação de um edifício. Outro produto, usado em prédios mais altos, é incorporado às paredes em diferentes níveis da estrutura.
ESCÂNDALO
Um porta-voz da Tóquio 2020 afirmou na quinta-feira que a organização foi avisada pelo governo japonês que produtos da KYB foram usados em várias instalações dos Jogos e que ainda estão esperando por mais detalhes sobre os equipamentos.
Nobuo Fukuwa, diretor do Centro de Pesquisa de Mitigação de Desastres da Universidade de Nagoya, minimizou a falsificação dos dados, afirmando que variações na qualidade dos amortecedores não é um problema grave.
“Algumas flutuações não terão impacto na segurança dos edifícios ou na vida das pessoas, então não é preciso muita preocupação”, afirmou o pesquisador à Reuters, acrescentando que o tipo mais comum de absorvedor de impacto, os instalados em fundações, podem ser substituídos com facilidade.
Mas a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, afirmou a jornalistas nesta sexta-feira que o incidente é “extremamente lamentável”.
As ações da KYB despencaram 35 por cento nos três dias após a revelação da falsificação. Os papéis encerraram em alta de 3,27 por cento nesta sexta-feira.