No Japão encontramos muitos artistas japoneses que representam muito bem a arte contemporânea, tais como Takashi Murakami, Yayoi Kusama, Tomoko Konoike, Junko Mizuno, Tomoko Sawada, entre outros. E nos últimos tempos, essa arte tem chegado cada vez mais ao mundo Ocidental através da disseminação e valorização da cultura japonesa.
Taro Okamoto (1911-1996), talvez tenha sido o primeiro artista contemporâneo verdadeiramente influente a emergir no Japão do pós-guerra, cuja dedicação fez com que a arte moderna fosse disseminado a um público mais amplo. Seguindo os passos de Okamoto, outros artistas tem se dedicado à arte contemporânea, sendo cada vez mais reconhecidos internacionalmente.
No livro “Warriors of Art: Um guia de artistas japoneses contemporâneos”, a escritora Yumi Yamaguchi descreve o perfil de 40 grandes talentos japoneses que fazem parte da nova geração de artistas, desde pintores e escultores, a fotógrafos e artistas de performance. Que tal conhecer alguns dos maiores artistas japoneses que tem se destacado no cenário atual.
1. Takashi Murakami
Takashi Murakami é um dos artistas contemporâneos mais icônicos do Japão. Das pinturas às esculturas em grande escala, o trabalho de Murakami é influenciado pelo manga e pelo anime. Fundador do movimento Superflat e da companhia de artistas Kaikai Kiki, Murakami desenvolveu e apoiou as carreiras de muitos de seus contemporâneos.
O termo “superflat” descreve tanto as características estéticas da tradição artística japonesa como a natureza da cultura e da sociedade japonesa do pós-guerra. A tradição deixou um legado de imagens planas, bidimensionais, com ênfase em cores vibrantes e superfícies planas, que foi re-elaborado na cultura contemporânea através de mangás e animes.
Murakami soube apresentar às indústrias da arte e moda, elementos geralmente considerados “subculturais”. Seu provocativo “My Lonesome Cowboy” (1998) vendeu no Sotheby’s New York por um recorde de 15,2 milhões de dólares em 2008. Além de suas obras de arte, Murakami também colaborou com as marcas Marc Jacobs, Louis Vuitton e Issey Miyake.
2. Yayoi Kusama
Com uma carreira surpreendente que atravessa sete décadas, Yayoi Kusama explorou os reinos da pintura, do desenho, da colagem, da escultura, printmaking, da instalação e da arte ambiental, assim como bem como literatura, moda e design de produto. Kusama desenvolveu um estilo distinto de “polka dotted art”, que desde então se tornou sua marca registrada.
Essas visões ilusórias são, para Kusama, o produto das alucinações que ela experimentou desde a infância, em que o mundo parece estar coberto de bolas e outras formas proliferantes. Desde muito jovem, Yayoi Kusama tem criado muitas instalações em ambientes fechados ou ao ar livre com pontos coloridos ou espelhos que infinitamente refletem luzes coloridas.
3. Riusuke Fukahori
Riusuke Fukahori é um pintor japonês bastante original de Aichi, amplamente famoso por suas extraordinárias pinturas tridimensionais de goldfish, peixe nativo da Ásia. Ele mesmo criou a técnica, que utiliza pinturas em camadas e resina transparente. Depois de concluir seus estudos de design na Aichi Art University em 1995, Fukahori prosseguiu com sua carreira artística, mas sem muito sucesso até que em 2000 ficou fascinado pelos peixinhos dourados.
Passou então a criar esculturas mega realistas desses peixes que passaram a ser o tema exclusivo de suas obras. Como esse tema impulsionou sua carreira artística, Fukahori criou a exposição Goldfish Salvation, que percorre várias localidades do mundo.
https://youtu.be/21bFpgEfDFM
4. Chiho Aoshima
Chiho Aoshima é uma pintora contemporânea japonesa que faz parte do Kaikai Kiki e do movimento Superflat (ambos fundados pelo lendário artista japonês Takashi Murakami). A sua pintura identifica-se muito com a pintura simbolista e surrealista. Um dos seus mais famosos quadros, Paradise, foi leiloado em 2006, pela Sotheby’s New York.
No mesmo ano, a artista Chiho Aoshima produziu a obra “City Glow, Mountain Whisper” (2006) na estação Gloucester Road, em Londres, como parte da instalação “Art on the Underground”, onde multi painéis nos 17 arcos na plataforma de arte criavam uma paisagem mágica que gradualmente se transformava de dia para noite, de urbano para rural.
5. Usugrow
Usugrow é um dos artistas urbanos japoneses mais proeminentes desta geração. Sua arte em preto e branco tem influência punk metal, começou quando com seus desenhos gráficos para bandas japonesas em 1993. Inspirado em grande parte pelo famoso Cholo graffiti de Los Angeles, Usugrow conseguiu fundir este tipo de arte com a caligrafia asiática.
Através de suas ilustrações, Usugrow tem ganhado reconhecimento internacional. Suas obras tem como principal característica os elementos opostos tais como crânios e flores, yin e yang, e preto e branco. Em outras, é nítida a influência da cultura e caligrafia islâmica.
6. Hiroyasu Tsuri (TWOONE)
Hiroyasu Tsuri, também conhecido como TWOONE, nasceu em Yokohama em 1985. Desenvolveu um interesse por desenho e crafting em uma idade precoce através do seu gosto por skate e graffiti. Em 2004, ele se mudou para Melbourne, onde rapidamente ganhou destaque como um dos melhores artistas de rua da Austrália.
Depois de se formar em Visual Arts New Media na Swinburne University, em Melbourne, em 2006, TWOONE começou a exibir suas pinturas de criaturas híbridas em galerias em todo o mundo, mas a pintura em muros é com certeza as suas principais obras, deixando cativantes e surpreendentes obras públicas em cada cidade que ele visita.
7. Ryoji Ikeda
Ryoji Ikeda é um artista multimídia japonês cujo trabalho incluem performances e instalações imersivas com sons gerados por computador que se transformam visualmente em projeções de vídeo, ou padrões digitais. O trabalho audiovisual de Ikeda utiliza escala, luz, sombra, volume, sombras, sons eletrônicos e ritmos que tem o objetivo de inundar os sentidos.
Ikeda examina e aplica métodos matemáticos e científicos para moldar música, tempo e espaço, criando experiências fascinantes. Ele explora som e visão, desconstruindo suas propriedades físicas para revelar as complexas relações envolvidas na percepção humana. Confira abaixo uma de suas obras, o “The Transfinite”, apresentada no Park Avenue em Nova York.
8. Haroshi
Haroshi é um artista japonês natural de Tóquio, elogiado em todo o mundo por suas impressionantes esculturas feitas de madeiras, mais especificamente com pranchas de skate quebradas e outros materiais. Haroshi conhece bem todas as partes do skate e como amante do esporte sente-se relutante em jogar fora os que não tem mais funcionalidade.
Para que seja possível a criação e o desenvolvimento de cada escultura, Haroshi empilha diversas camadas de shapes. Em seguida, começa o processo de corte, entalhe, lixamento e polimento resultando em um mosaico. Sem usar qualquer tinta ou pigmento, Haroshi permite que as cores brilhantes originalmente impressos nos skates sejam sua paleta de cores.
9. Hitotzuki
Hitotzuki não é o nome de um artista e sim de um casal chamados Kami e Sasu. Hitotzuki significa “sol e lua”, e se definem como um sendo o contrário do outro, mas juntos, se completam por causa de suas diferenças. A extraordinária dupla começou a trabalhar em conjunto em 1999 e hoje é considerada referência no cenário underground do Japão.
O casal, famoso por seus murais “zen pop”, combinam geometrias elegantes com cores vibrantes. Tons de azul são bastante vistos em suas colaborações, paleta que usam desde 2008 por acharem que a cor passa harmonia para as pessoas. As curvas dinâmicas e formas fluidas perfeitas de Kami e Sasi se fundem perfeitamente com elementos naturais e urbanos.
10. Jun Inoue
Jun Inoue é um artista japonês contemporâneo, nascido em 1981, amplamente reconhecido por suas obras de arte energéticas e vívidas, uma combinação de dois estilos de arte muito diferentes – shodo, a caligrafia tradicional japonesa e raku-gaki, ou graffiti. Ao unir os dois estilos, Jun trouxe uma releitura da arte japonesa tradicional para a nova geração.
Desde a infância, Jun criava arte fazendo carros, trens e caminhões de papelão. Quando adolescente, Jun foi altamente influenciado pela cultura juvenil americana e com isso evoluiu seu trabalho para graffiti, mas só passou a ser realmente reconhecido quando começou a valorizar suas raízes orientais e passou a incorporar a cultura japonesa em sua arte.
11. Tatsuo Miyajima
Tatsuo Miyajima tornou-se conhecido por suas esculturas e instalações cheias de tecnologias. O artista utiliza materiais contemporâneos como circuitos elétricos, vídeo e computadores, centrados no uso de gadgets desde a década de 1980. Os principais conceitos artísticos de Miyajima se inspiram em idéias humanistas e ensinamentos budistas.
Os contadores LED em suas instalações piscam continuamente de 1 a 9, simbolizando a viagem da vida para a morte, mas evitando a finalidade, que é representada por 0 e nunca aparece em sua obra. Os números apresentados em grades, torres e circuitos, expressam seu interesse nas idéias de continuidade, conexão, eternidade e o fluxo do tempo e do espaço.
12. Mariko Mori
Mariko Mori é ex-modelo e designer de moda mas em meados da década de 1990, ela ganhou fama internacional com suas fotografias em grande escala. Em seguida, passou a adotar técnicas multimídia e hoje cria instalações que combinam mitologia oriental e cultura ocidental, além de trazer outros elementos espirituais, tradicionais e futurísticos.
Para os Jogos Olímpicos de 2016, Mariko Mori criou a instalação “Ring” na cachoeira em Petrópolis com o objetivo de conectar toda a Humanidade através da arte. O trabalho minimalista, surreal e futurista de Mori é bastante eclético, abordando diversos temas como um meio de transcender, transformar e provocar a autoconsciência das pessoas.
13. Iwamoto Masakatu (MR.)
Iwamoto Masakatu, também conhecido como MR. é um artista contemporâneo natural de Saitama, cuja produção criativa inclui pintura, escultura, performance e vídeo. Durante seus estudos na Escola de Arte Sokei, MR. foi descoberto por Takashi Murakami, e trabalhou como seu assistente durante oito anos, como membro do estúdio de arte Kaikai Kiki.
Apaixonado e influenciado pela subcultura otaku que surgiu no Japão na década de 1970, MR. retrata meninos e meninas pintados em um estilo anime e manga que expressam suas provocativas fantasias lolicon. Apesar da aparente inocência, muitas de suas obras são bastante sexualizadas, embora estejam intimamente relacionadas com a estética, estilo e tema.
14. Shohei Otomo
Shohei Otomo é filho de Katsuhiro Otomo, lendário mangaká e diretor de anime. Dramático e ousado, Shohei Otomo é um artista gráfico amplamente elogiado, mais conhecido por suas obras altamente detalhadas e imediatamente reconhecíveis que fundem a iconografia cultural japonesa e ocidental, enquanto retratam a realidade da sociedade japonesa.
Com uma simples caneta esferográfica, Otomo cria obras de arte ilustrativas incríveis em preto e branco que fornecem uma representação perspicaz e cativante do Japão, usado personagens icônicos como samurai, gueixas, jovens punk estereotipados e delinquentes japoneses, conhecido como furyo, combinando noir fashion com elementos tradicionais e modernos.
15. Kenta Matsuyama (281_Anti Nuke)
Kenta Matsuyama, mais conhecido como 281_Anti Nuke (ou simplesmente 281), é um famoso e amplamente respeitado artista de rua japonês, cujos trabalhos engajados e inteligentes se concentram em problemas preocupantes relacionados a política, direitos e armas nucleares, criando um trabalho de conscientização através de suas provocativas ilustrações.
Nascido e criado perto de Fukushima, 281_Anti Nuke ganhou fama logo após o desastre da usina nuclear em 2011, quando ele começou a postar adesivos provocativos ao longo das ruas decaídas de Tóquio. Logo estas etiquetas tornaram-se um fenômeno entre os moradores de Tóquio e chamaram a atenção dos amantes da arte de rua internacional.
Fonte: Japão em Foco