Conheça a simbologia dos principais elementos que compõe um jardim japonês
Os jardins zen japoneses se caracterizam não só por sua beleza e por se assemelharem a uma verdadeira paisagem em miniatura como também por sua harmonia e serenidade. Inspirados na estética dos jardins chineses, esses jardins eram criados especialmente para promover a meditação e a contemplação pois trazem muita paz e uma forte conexão espiritual.
Muitas vezes, esses jardins são concebidos em espaços limitados e por este motivo, os materiais usados e os elementos que o compõe são de suma importância. Há também os jardins criados pela nobreza que tinham a finalidade de recreação. Enfim, toda a composição do jardim depende do objetivo do criador, abrindo assim muitas possibilidades de estilo.
Alguns dos principais elementos que vemos nos Jardins japoneses são: Água (lagoas e riachos), pedras (montanhas, rios, ilhas), carpas, caminhos, pontes, lanternas, colinas, etc. A forma como são distribuídos cria uma verdadeira paisagem natural miniaturizada e talvez esse seja um dos principais motivos que nos faz ficarmos encantados com esses jardins.
Muitas pessoas tem vontade de fazer um jardim japonês em algum espaço da casa, mas antes é importante conhecer o significado de cada elemento essencial em um jardim japonês e dessa forma é possível criar um estilo distinto de acordo com a nossa personalidade e inspiração. Confira abaixo, o significado dos cinco principais elementos de um jardim japonês:
1. Água (cascata, lagos e riachos)
Em um jardim japonês, a água está sempre presente e pode ser encontrada na forma de lagos, riachos e cascatas. Ela simboliza o ciclo da vida, do nascimento à morte. Muitas vezes, notamos a presença de carpas e elas também tem um significado especial. Simbolizam sorte, prosperidade e persistência, devido à sua incrível habilidade de nadar contra a correnteza.
Ao criar uma cascata ou lago artificial, é comum as pessoas se orientarem em relação ao sol já que ele é determinante para que os elementos escolhidos possam ser refletidos na água. Em jardins secos, a água é simbolizada através de cascalhos, areias ou pedras menores.
2. Pedras, cascalho e areia
Desde os tempos antigos, as pedras têm desempenhado um papel importante na cultura japonesa. No Xintoísmo, pedras grandes são adoradas como kami (divindade), enquanto que o cascalho era usado para designar terras sagradas em alguns santuários.
Pedras grandes podem ser usadas para representar ilhas, montanhas e colinas, onde os visitantes podem subir e admirar a vista panorâmica de todo o jardim. Pedras menores e cascalho são usados para fazer caminhos que representa a evolução do ser humano ao longo da vida ou podem ser usadas para representar lagoas, riachos, cascatas e até mares.
Pedras simbolizam resistência e por este motivo em alguns jardins japoneses podemos encontrar duas pedras de diferentes tamanhos representando o homem e a mulher. Como deu pra perceber, rochas e pedras, assim como cascalho e areia, tem uma grande importância na cultura japonesa e é um dos elementos mais importantes na concepção de um jardim japonês.
3. Lanternas
Com o advento da cerimônia do chá, a lanterna tornou-se um elemento importante no design de um jardim japonês. Originalmente destinado para iluminar os caminhos e orientar os visitantes durante as comemorações noturnas, sua luz é considerada como a luz do conhecimento, iluminando a mente e limpando as nuvens de ignorância de quem caminha pelo jardim.
A principal lanterna usada é o Toro, também chamada de Yukimi-gata ou Ishidoro. São esculpidas em pedra e podem ter várias formas e tamanhos. São colocadas em locais cuidadosamente selecionados como ao lado de edifícios importantes, nas laterais de uma ponte e fazem um interessante contraste com os demais componentes naturais do jardim.
A lanterna de pedra consiste em cinco partes que representam os cinco elementos da cosmologia budista. A parte inferior que toca o chão, representa a terra; a próxima seção representa a água; a luz representa o fogo, e a parte superior da lanterna que lembra um chapéu e a bolinha voltada para o céu, representam o ar e o espírito (alma).
4. Pontes
As pontes normalmente são locais privilegiados em um jardim japonês, onde se pode relaxar, apreciar a beleza da paisagem, ver as carpas que nadam suavemente no lago e apreciar a suavidade da brisa. As pontes podem ser construídas de madeira, bambu, terra ou pedra. Também podem ser planas, em ziguezague, arrendondadas ou levemente arqueadas.
As pontes podem estar sem pintura (ao natural) ou podem estar pintadas de vermelho, seguindo a tradição chinesa. Eles servem para atravessar lagos ou para chegar até uma ilha ou até mesmo leitos secos decorados com pedras. Além da estética tradicional e da harmonia com a natureza circundante, a ponte simboliza a transição do mortal para o sagrado.
5. Plantas
Os japoneses tem uma capacidade natural para interpretar o charme das plantas e flores, a fim de expressar as suas alegrias e dores. Sua comunhão com a natureza manifesta-se através de um simbolismo elaborado e as plantas são normalmente associadas com pensamentos em movimento e as formas de vida universais, além de trazer cor, vida, paz e aconchego.
O cuidado, a delicadeza no manejo e o seu interesse por esse tipo de arte tornou-se uma verdadeira paixão entre os japoneses. A forma como cuidam das plantas, moldando-as para dar origem a uma infinidade de formas lembra muito a forma de se cuidar de um bonsai. Além dos arbustos, algumas árvores são muito comuns em jardins japoneses tais como maple (acer), carvalho, bambu, cereja, e azaleias.
Nada em um jardim japonês está lá por acaso. Cada elemento cumpre sua função, seja como decoração ou por algum significado maior. Diferentes árvores, arbustos e flores são combinados como se fizessem parte de uma pintura. As flores são escolhidas com base em suas estações de florescência. Além disso, algumas plantas, como o lótus e o pinheiro, tem significado sagrado.
O simbolismo da flor de lótus está na sua capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, imaculada e formosa. Já o pinheiro japonês é um símbolo da eternidade. Cerejeiras (Sakura) e ameixeiras (Ume), são símbolos da transitoriedade e da fragilidade da vida. Plantas sazonais ajudam a destacar o fluxo do tempo e a mudança interminável de estações.
Fonte: Japão em Foco