Pesquisadores japoneses, testaram uma invensão que concretizou um sonho científico de mais de 120 anos: ligar a Terra ao espaço com um elevador. Ainda em estágio embrionário, essa invenção poderá tomar vida e condições reais, na melhor das hipóteses, em 2050.
O cantor Calogero sonhou com isso em seu famoso hit “En Apesanteur”, e agora é possível que pesquisadores japoneses tragam isso à realidade: ter uma vaga em um elevador para o espaço… Tão absurdo quanto possa aparecer, o projeto é bastante sério. No próximo 11 de setembro, uma equipe da Faculdade de Engenharia da Universidade de Shizouka – uma cidade do litoral do Pacífico do arquipélago nipônico – prevê o lançamento de uma maquete do elevador espacial.
O dispositivo que esses audaciosos cientistas japoneses pretendem colocar em órbita é constituído de dois pequenos satélites cúbicos com uma dezena de centímetros de lado. Entre eles, um cabo de aço de 10 metros será estendido, ligando assim dois pontos do espaço como um teleférico. Por meio de uma cabine, uma pequena caixa motorizada de 6 centímetros de cumprimento por 3 de largura e profundidade, que deverá circular em um sentido, depois no outro, ao longo do cabo.
Uma première mundial
“Essa vai ser o primeiro experimento no mundo para testar o movimento do elevador no espaço”, afirmou com entusiasmo à AFP um dos porta-vozes da universidade asiática. Uma première mundial que será realizada com a ajuda de um lançador japonês H-IIB e que, se ela for bem sucedida, concretizará então um sonho antigo de mais de 120 anos.
Um sonho formulado pela primeira vez em 1895 pelo cientista russo Konstantin Tsiolkvsky depois da visita à Torre Eiffel. Mas para tirar essa criação dos livros de ficção científica, os desafios são grandiosos. O primeiro deles: as restrições a respeito dos materiais.
Capazes de resistir a seu próprio peso, eles devem, ao mesmo tempo, ser muito leves. Pesos plumas que também terão que se submeter à tração do cabo do elevador espacial, à força centrífuga gerada pela rotação de seus mecanismos, assim como a atração gravitacional lunar, solar e terrestre. A Terra, cuja atmosfera representa também uma ameaça séria para o dispositivo, submetido aos ventos poderosos que a atravessam em altas altitudes.
Em colaboração com o construtor japonês Oayashi Corp., pesquisadores da Universidade de Shizuoka pretendem, na verdade, daqui a trinta anos, colocar uma estação espacial em órbita geoestacionária, a cerca de 36000 km acima de nossas cabeças. Um equipamento diretamente ligado por um cabo de nano-tubos de carbono a um porto flutuante de 400 metros de diâmetro ancorado no Oceano Pacífico.
Único problema: a tecnologia atual de fabricação de nano-tubos de carbono não é suficiente ainda para produzir as quantidades necessárias para a fabricação do imenso cabo de ligação. Outro problema, revelado pelo engenheiro Keith Henson, as forças consideráveis a que teriam que se submeter as fibras de carbono as faria irremediavelmente desfiar, como as malhas de nylon de uma simples meia-calça…
A equipe de pesquisadores japoneses se mantém, contudo, otimista quanto ao futuro do projeto. “Em teoria, um elevador espacial é altamente possível. A viagem espacial poderá se tornar algo popular no futuro”, prevê Yoji Ishikawa, engenheiro da Universidade de Shizuoka. Esperando até lá, só nos resta aguardar, cantando o hit de Calogero!