Conhecimento é poder. Essa frase descreve muito bem os dias atuais, onde dados são extremamente valiosos para empresas. Isso foi confirmado pela pessoa que fez a denúncia em relação ao escândalo da Cambridge Analytica juntamente com o Facebook, Christopher Wylie, diretor de pesquisa da companhia. Segundo o informante, a empresa de consultoria política, que decretou falência no começo do ano, descobria o voto dos usuários da rede social pela maneira que se vestiam.
Para saber a melhor maneira de direcionar publicidade política para os usuários do Facebook, a Cambridge Analytica usou os dados obtidos pela rede social e analisou suas preferências de marcas de vestuário. Wylie contou, dando um exemplo de como isso funcionava, que pessoas que demonstravam interesse em marcas como Abercrombie & Fitch, em média, tendiam mais a serem liberais; já quem gostava mais da Wrangler tinha um perfil mais conservador e ordeiro.
Outro exemplo mostrou que usuários do Facebook que tinham interesse por publicações de moda como a Vogue e curtiam lojas como a Macy’s geralmente se mostravam como pessoas mais extrovertidas e liberais. Tudo isso foi levado em conta na hora de ajustar a mira da Cambridge Analytica para disparar mensagens políticas.
Escândalo de privacidade
A empresa britânica usou os dados para atingir indivíduos com mensagens políticas durante períodos de campanha, tendo sido acusada, inclusive, de manipular o resultado da votação que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. A Cambridge Analytica usou dados de usuários do Facebook sem autorização obtidos através de um pesquisador da Universidade de Cambridge.
“Uma das coisas que a Cambridge Analytica percebeu ao extrair os dados do Facebook foi que as marcas de moda eram realmente úteis na produção de algoritmos sobre como as pessoas pensam e se sentem”, disse Wylie, acrescentando que as informações foram usadas diretamente para ajudar a construir modelos antes da eleição presidencial norte-americana de 2016.