12 Curiosidades sobre o Tatami, o Piso Tradicional Japonês
Em uma casa ou apaato japonês, muitas características nos chamam a atenção. Entre elas está o Tatami (畳), um material de revestimento tradicional no Japão, utilizado desde o Período Muromachi. É feito de palha de arroz prensada revestida com esteira de junco e faixa lateral. Este tipo de revestimento está presente em quartos tradicionais japoneses conhecidos como washitsu (和室).
No início, o tatami era um artigo de luxo, quando a maioria das pessoas viviam em locais de chão batido, mas a partir do período Edo, este item passou a ser mais acessível, passando a estar presente em praticamente todas as casas. O tamanho de um tatami padrão é de 910 mm x 1820 mm, mas existem outros tamanhos. Suas extremidades são forradas com tecido bordado.
O tatami é um artigo tão intrinsecamente ligado à cultura japonesa, que o tamanho de um quarto ou sala é comumente medido pelo número de tatamis que se encaixam no local. Por exemplo, se alguém diz que uma sala possui 8 tatamis, as pessoas conseguem ter noção de sua real dimensão.
Quando o Tatami é novo tem uma coloração esverdeada, porém à medida que envelhecem, tornam-se amarelados. Não é permitido pisar no tatami com calçados, nem mesmo com chinelos (suripas). Normalmente senta-se diretamente no chão, em cadeiras sem pernas chamadas zaisu ou em grandes almofadas chamadas de zabuton. Confira outras curiosidades a respeito do tatami.
1. A origem do Tatami
Durante o período Kamakura (1185-1333) houve a introdução da arquitetura chamada Shoindukuri (書院造) e a utilização desse tipo de revestimento se deve aos artesãos da época, que tiveram a ideia de criar esteiras com a palha de arroz que se acumulava em grande quantidade após as colheitas. No entanto, tratava-se de um artigo de luxo, presente somente nas casas de chá ou nas casas da realeza.
Até o período Muromachi (1336 – 1573), a maioria das casas ainda era de chão batido. Nesta época as esteiras tornaram-se mais espessas e o tamanho foi padronizado. Foi somente durante o período Edo, que o tatami tornou-se mais acessível e presente na maioria das residências japonesas. Seu nome é derivado da palavra tatamu (たたむ), que significa “dobrar”.
2. Existem 4 tamanhos padrões de Tatami
O tatames são produzidos para que se ajustem ao tamanho de um cômodo. Para esse intento, existem 2 tipos diferentes: um com uma proporção de 2: 1 e outro com a metade desse tamanho e 4 tamanhos padrão; Kyouma (京間), Chuukyouma (中京間), Edoma (江戸間) e Danchima (団地間).
3. O Tatami composto por três partes
Tatami Doko (畳床) é o interior do tatami. Tradicionalmente, o tatami era preenchido com palha de arroz prensada (藁 – わら – wara), mas, atualmente usa-se materiais mais resistentes como poli-estireno, polpa de madeira ou aglomerados de partículas.
Tatami Omote (畳表) é a superfície do tatami. Se refere a uma teia de bambu ou junco. Cada um necessita de cerca 4 ou 5 mil juncos. Cordas de cânhamo ou algodão são usadas para tecer a cobertura, de maneira que os bambus fiquem bem próximos.
Tatami Fuchi (畳縁) é a borda do tatame. Eles envolvem um tecido que é colocado em toda a extremidade do tatami com o objetivo de esconder esse tecido e dar um acabamento decorativo A imagem acima é um exemplo de diferentes padrões de Tatami Fuchi.
4. Existem 2 maneiras de colocar o Tatami
Shyugi Shiki (祝儀敷き) é o mais presente nas residências japonesas. As esteiras de Tatami são colocadas de forma que os 4 cantos do tatami não se reúnem em um ponto.
Fushyugi Shiki (不祝儀敷き) é usado especialmente em salões funerais. É um costume tradicional, baseado em uma superstição pois acredita-se que seja uma forma de evitar a má sorte.
5. O Tatami é feito por máquinas
Centenas de anos atrás, o tatami era produzido de forma artesanal, mas hoje em dia são usadas máquinas para a sua confecção. Normalmente, utiliza-se entre 4 e 7 mil juncos e o processo de tecelagem em uma máquina leva cerca de uma hora e meia. Os maiores produtores de junco, chamado de Igusa, são as províncias de Kumamoto, Hiroshima, Okayama, Fukuoka, e Kouchi.
6. Nas artes marciais, utiliza-se tatames específicos
Os tatames usados para a prática de judô e outras artes marciais como karatê, jiu-jitsu, aikido, entre outros, são são chamados Judo Tatami (柔道畳) e possuem características que o diferem de um tatami comum. São mais resistentes, além de possuir dimensões específicas para cada arte marcial.
Esse tipo de tatame é capaz de absorver impactos protegendo os praticantes durante as quedas, sendo firme à pisada de modo a não prejudicar a movimentação.
7. O contrate entre o antigo e o novo
Atualmente, notamos que muitas casas e apartamentos japoneses tem adotado um estilo mais ocidental. Apesar disso, ainda é comum encontrar em residências modernas pelo menos um quarto revestido com tatami, ao contrário de antigamente onde o tatami era usado em vários ambientes.
De qualquer maneira, as casas modernas fazem uma fusão interessante entre o antigo e o novo. Além disso, o costume japonês de dormir em um futon sobre um revestimento de tatami ainda é muito presente na sociedade japonesa. Muitos não conseguem se adaptar em camas sobre um piso de madeira. Graças à essa dificuldade de adaptação, o bom e velho tatami resiste ao tempo.
8. Existem tatames para quartos ocidentais
Se uma pessoa resolver morar em um pequeno apartamento de um ou dois cômodos, no qual o tatami esteja ausente, tem a opção de utilizar o Yunitto tatami (ユニット畳) ou Oki Tatami (置き畳). São tapetes de tatami que são colocados sobre o piso de madeira ou outro piso qualquer.
9. Sentar-se no Tatami pode ser desconfortável
Sentar-se no Tatami pode ser uma tarefa desconfortável para muitas pessoas. Em situações informais é comum as pessoas sentarem-se com as pernas cruzadas em estilo borboleta. Já em situações formais, as pessoas costumam sentar-se na posição Seiza (正座). Esta posição caracteriza-se em sentar-se sobre as pernas e pode ser bastante incômodo para aqueles que não estão acostumados.
10. A limpeza de um Tatami requer cuidados
O tatami é um revestimento frágil quando submetido à umidade. Por isso, a sua limpeza deve ser feita através de aspiradores de pó ou um pano úmido.
A limpeza adequada ajuda a prolongar sua vida útil. Não existe um tempo definido para a troca do tatami pois esse dependerá do seu estado de conservação, mas em média costuma-se trocar o tatami entre 5 e 6 anos de uso.
Outro problema comum em tatamis são os ácaros, minúsculos artrópodes que podem causar nas pessoas, diversos problemas dermatológicos como coceiras e vermelhidão na pele e até problemas respiratórios como asma e rinite alérgica.
Porém no Japão podemos encontrar muitos produtos excelentes desenvolvidos para reduzir a incidência de ácaros nos tatamis.
11. O tempo de vida útil em um Tatami
Quando observa-se um grande desgaste ou amarelamento em consequência do tempo de uso, recomenda-se inverter os lados do tatami (de baixo para cima) ou se muito precário, este tatami é retirado para ser reciclado, transformando-se desta forma em um novo tatami.
12. Tatami: Etiqueta e Superstição
Sendo o Japão um país que conserva muitas tradições e superstições, existem alguns fatos interessantes, que nós ocidentais devemos conhecer. Por exemplo, em um washitsu (quarto tradicional japonês) há portas de correr que dão acesso a outro cômodo ou para a área externa da casa como varanda ou quintal. A soleira da porta de correr onde fica os trilhos é chamada de shikii.
Segundo os japoneses, pisar no shikii, ou seja, na soleira da porta é visto como uma atitude rude e além disso, pode potencialmente danificar a estrutura. Também não podemos pisar no Tatami Fuchi (bordas do tatami). Existem alguns motivos para isso e o primeiro seria para evitar o desgaste, já que as bordas tendem a danificar e a desbotar mais rápido do que o resto do tatami.
Outra razão é que antigamente, muitas pessoas colocavam fundos falsos sob o tatami (inclusive esse era um tipo de esconderijo muito utilizado pelos ninjas) e ao pisar na borda, a pessoa poderia acabar pisando em falso e se machucar. E por fim, há quem diga que a borda do tatami seria uma porta de entrada para um outro mundo, e que ao pisar nele, você estaria atraindo a má sorte.
Fonte: Japão em Foco