15 mentiras que escutamos falar sobre o Japão
Sempre vemos na mídia e escutamos generalizações sobre o Japão e sobre os japoneses em geral. Mas será que tudo que escutamos é verídico? Generalizar nem sempre é uma coisa muito legal pois nos faz ter uma visão deturpada da realidade. Por isso, resolvi escrever sobre algumas coisas que lemos e escutamos por aí sobre o Japão, mas que na verdade não passam de meras generalizações.
1. Quem vai para o Japão volta rico para o Brasil
Muitas pessoas tem a ideia de pessoas que trabalham no Japão voltarão ricas para o Brasil. Este é um equívoco muito comum de pessoas que moram no Brasil, mas que não conhecem a realidade do Japão. A verdade é que as coisas não funcionam bem assim… Para fazer um bom pé de meia na Terra do Sol Nascente além de levar um bom tempo, também depende de muitos fatores.
Um casal por exemplo, em que os dois estiverem trabalhando, tem a possibilidade de juntar dinheiro muito mais rápido do que um solteiro. Além disso, existem outros fatores como o valor pago por hora trabalhada, quantidade de horas extras, se manda dinheiro para o Brasil para sustentar filhos ou parentes. Enfim… ficar rico trabalhando em fábrica no Japão é na verdade uma grande utopia.
2. A ideia de que todo o Japão se resume a Tóquio
Conheci algumas pessoas que se sentiram decepcionadas ao chegar no Japão pois elas tinham a ideia de que todas as cidades do país fosse iguais a Tóquio. E muitas fábricas que oferecem empregos estão localizadas em cidades do interior, bem menos agitadas e com hatakes por todos os lados (plantações de arroz). Ou seja, uma paisagem bem diferente dos grandes centros urbanos japoneses.
Mas fique tranquilo caso você tenha que ir trabalhar em uma cidade do interior do Japão, pois apesar de serem lugares muito sossegados, as cidades pequenas japonesas não deixam nada a desejar em relação aos grandes centros urbanos. A maioria das lojas, restaurantes e serviços encontrados nas cidades grandes também podem ser encontrados nas cidades mais afastadas.
3. Que os japoneses só comem sushi e peixe cru
Este é um dos mitos que eu ouço muito por pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer o Japão. Muitos tem a ideia de que na Terra do Sol Nascente só se come sushi e peixe cru (sashimi). Porém no Japão podemos encontrar uma grande variedade de restaurantes e muitos deles oferecem muitos pratos com estilo ocidental.
É bem verdade que muitas comidas no Japão são um pouco adocicadas e também é verdade que existem estrangeiros que demoram um pouco para que o seu paladar se adapte ao tempero japonês. Mas enquanto a adaptação não acontece, ninguém corre o risco de passar fome, não só pela variedade de restaurantes, como também pela possibilidade de preparar a própria comida em casa.
4. Que o Japão é cercado por tecnologia por todos os lados
É certo que o Japão é um país bem avançado tecnologicamente, mas algumas pessoas tem uma visão de que em qualquer estabelecimento terá a oportunidade de ser atendido por um robô mega realista e tal… Ou seja, você não verá um robô em cada esquina no Japão, pois muita coisa relacionada a robôs que vemos na mídia só pode ser visto mesmo em grandes feiras de ciência e tecnologia.
Agora se está indo para o Japão atrás de robôs, quem sabe você tenha mesmo a chance de aquirir um e com um preço bem acessível: O Pepper. Este robô está fazendo tanto sucesso por lá que bastou apenas um minuto para que mil exemplares fossem vendidos. Além de inúmeras funções tais como dançar e falar vários idiomas, o Pepper tem outro atrativo interessante segundo seu fabricante: É capaz de ler as emoções das pessoas. O preço do robô é de US$ 1,7 mil mais um seguro de US$ 200 por mês.
5. Que o Japão é o país com maior número de suicídios
Apesar dos índices de suicídios no Japão serem altíssimos, o país não lidera o ranking como muitos pensam. Segundo dados coletados em 2012 pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), quem lidera o ranking é a Lituânia, seguida da Coreia do Sul, Hungria, Letônia e Japão.
A cultura do suicídio no Japão tem raízes históricas, da época em que os samurais praticavam o Harakiri em busca de uma morte honrosa.
No Japão, por influência budista, também se acredita que a morte é uma passagem para outra existência. Mas o que leva um japonês a tirar a própria vida? Muitos entendem como fraqueza.
No Japão, a sociedade é muito rígida e muitos japoneses não conseguem lidar com a pressão social.
Isso acarreta em frustração, ansiedade e até depressão profunda. Com isso, muitos acreditam que ao tirar a própria vida, estarão se libertando das regras impostas pela sociedade.
6. Que o Japão é lotado de gente
Algumas imagens do Japão, tais como o famoso cruzamento de Shibuya e também os metrôs mega lotados, necessitando inclusive de uma empurradinha dos funcionários da estação ferroviária para conseguir acomodar todo mundo dentro do vagão, mostram um Japão com lotação extrema. Com isso, passa a ideia de que os japoneses precisam enfrentar grandes filas em diversas situações do dia a dia.
Na verdade, cenas assim são vistas geralmente em grandes centros urbanos como Tóquio e Osaka e mesmo assim, tudo é tão organizado e funciona tão bem que a lotação não chega a ser um problema e longas filas são praticamente inexistentes. Já nas cidades do interior, as ruas costumam ser desertas e silenciosas (ou quase, afinal é comum ouvirmos os sons dos grilos e das cigarras ao fundo).
7. Que os japoneses são todos certinhos
Assim como em qualquer lugar do mundo, no Japão existe pessoas boas e ruins. Não é uma coisa que se possa generalizar embora não se possa negar que a grande maioria dos japoneses são extremamente educados, honestos e de boa índole. Mas toda regra tem suas exceções…
8. Que na TV japonesa só tem programação sem noção
Muita gente acha que no Japão só passa programação bizarra e de gosto duvidoso na TV, mas eu acredito que a culpa é da mídia internacional que só quer mostrar esse lado da TV japonesa para ganhar audiência. Assim como em qualquer país, existem programas bons e ruins.
E temos que levar em conta de que os programas cômicos são feitos para os japoneses acharem graça e não para nós (estrangeiros). Só para fazer uma comparação, imagine um japonês assistindo certos programas de humor da TV brasileira… Será que ele iria achar graça? Acho que não.
9. Que todos os japoneses se vestem como em Harajuku
No Japão, especialmente nos grandes centros, muitos jovens fazem parte de subculturas, e cada tribo urbana segue suas próprias diretrizes da moda. Isso não significa que necessariamente todo japonês faça parte de uma tribo ou subcultura. Aliás, a maioria da população não pertence a nenhuma tribo e costumam vestir-se discretamente com roupas comuns e com cores neutras.
Na verdade, os japoneses não se importam com o mode de vestir dos outros… As pessoas tem a liberdade de se vestirem como quiserem. E liberdade de expressão é tudo de bom!!!
10. Os japoneses são todos magros e baixinhos
É verdade sim que o Japão tem uma das menores taxas de obesidade do mundo, mas dizer que todos os japoneses são magros é realmente um equívoco. Os lutadores de sumô estão aí para desmitificar esse fato. Também é verdade que muitos japoneses (principalmente mulheres) são um pouco obcecados em relação à magreza, mas esse paradigma vem sendo quebrado aos poucos.
Um exemplo são alguns grupos musicais formados por mocinhas acima do peso, pelo menos para os padrões japoneses. Estes grupos musicais são chamados genericamente de “Marshmallow Girls” e pra citar alguns exemplos de grupos temos as Chubbiness e as Pottya. O intuito é mostrar para as pessoas que estão acima do peso que elas não precisam ser magras para serem saudáveis e felizes.
11. Não existe pobreza no Japão
Para muitas pessoas não existe pobreza e nem mendigos no Japão. Grande parte da população tem realmente um padrão de vida considerado bom quando comparado a outros países, mas infelizmente não podemos dizer que todos vivem essa realidade. Moradores de rua também existem no Japão, e podemos encontra-los principalmente nos grandes centros urbanos como Nagoya e Tóquio.
Existe também uma cidade em Osaka, chamada Kamagasaki, onde a maioria da população vive uma realidade degradante e muito triste, causada pelo desemprego e pelo abandono das autoridades japonesas. Claro que a pobreza no Japão não é nada comparado a outros países por aí, mas também não podemos fechar os olhos para a realidade e dizer que simplesmente não existe.
12. Todo japonês é viciado em manga e anime
Muitas pessoas acham que todos os japoneses são viciados em anime e mangá, mas isto também é um equívoco. É verdade que muitos gostam sim, inclusive adultos, mas também existem aqueles que não se identificam com essa cultura. Mas essa generalização é culpa da mídia internacional que sempre gosta de mostrar a cultura otaku como se isso fizesse parte da vida de todos os japoneses.
Seria a mesma coisa que dizer que todo o brasileiro é fanático por futebol, samba e carnaval… e sabemos que não é bem assim. Viu só como esse tipo de generalização é ruim?
13. Os japoneses são tarados e pervertidos
Muitas pessoas tem essa ideia dos japoneses, mas creio que isso não é algo que possa ser generalizado, afinal em qualquer lugar do mundo devem existir pessoas pervertidas. Mas existem japoneses que realmente tem hábitos estranhos e isso acaba criando um esterótipo infeliz. Um deles é o famoso roubo de calcinhas do varal alheio, algo que chega a ser corriqueiro até.
Aliado ao fato de existirem máquinas que vendem calcinhas usadas e de algumas placas nas estações de trem alertando as moças para tomarem cuidado com os tarados de plantão (aqueles que gostam de tirar fotos por baixo da saia da mulherada), esse estereótipo acaba se intensificando cada vez mais. Mas é como eu disse, pervertidos existem em todo lugar. Não é algo exclusivo no Japão!
14. Que todos os japoneses se matam de trabalhar
Existe a ideia de que os japoneses trabalham muito e fazem longas e exaustivas jornadas de trabalho. Existe até mesmo pessoas que morrem literalmente de tanto trabalhar devido ao cansaço e estresse. O nome designado para essa situação é Karoshi. Mas tal coisa não pode ser generalizada pois grande parte da população trabalha teiji (em média 8 horas por dia) ou até menos que isso.
Muitos japoneses também preferem trabalhos temporários, conhecidos como arubaito e nesse tipo de serviço quase sempre não tem a necessidade de fazer horas extras. O Japão não é muito diferente do que vemos em outros países… Existem pessoas que vivem para o trabalho, assim como também existem pessoas que preferem trabalhar pouco e ter mais tempo livre. Simples assim…
15. Que todos os japoneses são tímidos
Talvez por causa da forma polida que muitos japoneses tem, muitos tem a ideia de que todos são tímidos, o que não é bem verdade. Assim como em qualquer lugar do mundo, no Japão existem pessoas mais tímidas e outras mais extrovertidas. Outros parecem ser tímidos em um primeiro momento, mas com o passar do tempo e com a convivência, acabam se soltando aos poucos.
A verdade é que a maioria dos japoneses sabem a hora que precisam ser sérios e a hora que podem se soltar. Em momentos de descontração, por exemplo, quando estão em companhia dos amigos em um karaokê ou então em uma festa de fim de ano (Bonenkai), é comum vermos os japoneses bem soltinhos. Nessas horas percebemos o quanto os japoneses podem ser divertidos.
Fonte: Japão em Foco