A Tatuagem atualmente é considerada como uma forma de arte e expressão. No Japão, esta prática é conhecida pelo nome de Irezumi ou Horimono e dizem ter se originado por volta de 10.000 aC. Um dos métodos mais tradicionais de tatuagem no Japão é o “Tebori”, cujo significado é “entalhado à mão” ou “esculpido à mão”.
A história da tatuagem no Japão tem sua trajetória marcada por muitos altos e baixos. Já foi utilizada para diversos fins como espirituais, decorativos, como símbolo de proteção, status ou coragem ou ainda para marcar criminosos. O povo Ainu, por exemplo, era bastante adepto das tatuagens decorativas.
A partir do período Kofun (300-600 aC), as tatuagens começaram a ter conotações negativas, pois passaram a ser usadas para marcar criminosos, para que esses fossem facilmente identificados e para que se sentissem envergonhados pelos crimes cometidos. Tal prática foi abolida em 1870.
A partir do período Edo, imagens de homens com corpo tatuado passaram a ser representados em xilogravuras ukiyo-e e mencionados em literaturas, contribuindo para o desenvolvimento do movimento atual da arte da tatuagem. Um dos pintores de xilogravuras mais populares foi Utagawa Kuniyoshi.
Suas gravuras de 1870 se tornaram tão populares que muitos tatuadores profissionais passaram a imitar o seu estilo. Nessa mesma época, a prática de tatuar criminosos foi abolida, porém anos mais tarde, a tatuagem passaria a fazer parte da vida dos integrantes da máfia Yakuza.
Durante o período Meiji, a tatuagem chegou a ser proibida pelo imperador e quem por ventura fosse pego, era punido com rigor. Mas, isso não inibiu a prática da tatuagem no Japão. Diante da proibição, os tatuadores continuaram a trabalhar clandestinamente, mantendo a maior discrição possível.
Tebori – Esculpir com as mãos
Após a Segunda Guerra Mundial, com a ocupação americana em 1948, a tatuagem voltou a ser legalizada. Muitos estrangeiros ficaram fascinados pelo método tradicional japonês de tatuar, conhecido como Tebori. Esse método artesanal surgiu em meados século XIX e significa “esculpir com as mãos”.
Consiste em uma longa haste de bambu ou de marfim, com agulhas de aço dispostas em fileiras isoladas ou amontoadas, que são pressionadas manualmente contra a pele. A tinta utilizada no “Tebori” também costuma ser artesanal, sendo extraída de plantas e pedras moídas misturadas com água.
Por esse motivo, a tatuagem realizada através do “Tebori” conseguia cores e efeitos que não eram alcançados através das técnicas ocidentais. Para aprender esta técnica, os aprendizes necessitavam de muito treinamento e pra isso, tatuavam suas próprias peles até que atingissem a perfeição.
Antes porém, o aprendiz tinha que passar 5 anos apenas observando seu mestre Horimyo e a partir do momento que passasse a trabalhar sozinho, o aprendiz teria que entregar todos os seus ganhos por um ano ao seu ex-mestre, como retribuição pelas aulas e como sinal de gratidão e respeito.
Normalmente, os desenhos utilizados para esta técnica são maiores e sem muito detalhes para que possam ser vistos à distância. Os mais comuns são motivos orientais como carpas, dragões, samurais, hannyas etc. Dependendo do tamanho do desenho, uma tatuagem por esse método pode levar meses ou até anos para ser concluída, mas o resultado final faz valer a pena.
Existem ainda tatuadores tebori?
Tatuadores no Japão são chamados de Horishi (彫師), mas aqueles que dominam a técnica tebori costumam ser chamados de Horimyo. No Japão existem tatuadores que dominam as duas técnicas (por máquina e manual), mas a cada dia, profissionais da arte tebori se tornam mais escassos.
No Brasil, também existem tatuadores que usam esse método, embora poucos. Trata-se de uma arte puramente artesanal que ainda sobrevive ao longo das gerações. Abaixo, confira um breve documentário que fala sobre o tebori, a milenar arte da tatuagem no Japão (Ative a legenda em português).
Se você assistiu ao vídeo acima, verá que no final aparece peles tatuadas em quadros. Pode parecer bizarro, mas algumas pessoas decidem ainda em vida, o desejo de doar suas peles cobertas por tatuagem após a morte, para que fiquem expostas em museus e universidades como verdadeiras obras de arte.
Fonte: Japão em Foco