O motor Wankel é um prodígio de engenharia que tem falhas, parece, irreparáveis, como as fugas de óleo, os consumos absurdos e a dificuldade de controlar as emissões.
Mas a Mazda abraçou esse motor e o RX-7 é o carro mais vendido de sempre com este motor: ao longo de três gerações, a casa japonesa vendeu 811.634 unidades do RX-7. Muito mais do que qualquer outro carro equipado com este motor. E não vendeu mais porque as emissões liquidaram o RX-7 na Europa e em outros mercados.
O segredo para vender pouco mais de 800 mil unidades, residiu, essencialmente, na forma como o RX-7 sempre ofereceu prazer de condução graças à receita de peso baixo e a especificidade do motor rotativo. Nos 100 anos da Mazda, que se celebram este ano, a casa japonesa revisitou o RX-7 e as suas três gerações.
O modelo original nasceu em 1978 (modelo FB) e durou até 1985. À Europa chegou em 1979, com um desenho muito feliz, o que era uma novidade para modelos japoneses, e um peso de uma tonelada. O motor 12A com duplo rotor tinha 1.146 c.c. e debitava entre 100 e 135 CV. Com o motor posicionado de maneira central dianteira e uma distribuição de peso quase perfeita, o RX-7 foi um sucesso imediato, pois tinha um excelente comportamento tendo uma ligação quase perfeita entre condutor e carro. Esta primeira geração foi a mais bem sucedida com mais de 470 mil unidades produzidas.
A segunda geração do RX-7 (a FC) nasceu em 1986 e viveu até 1992. Era um carro totalmente diferente, perdeu o charme do original apesar da tentativa de o deixar muito próximo do FB. Porém, a fonte de inspiração foi o Porsche 924. A suspensão estava equipada com o Mazda DTSS (Dynamic Tracking Suspension System) e o motor recebeu a sobrealimentação. O motor 13B debitava 150 CV com a sobrealimentação, tendo recebido mais tarde versões mais poderosas com 180 e 200 CV. O FC foi o único a oferecer uma versão descapotável. Foram produzidas um pouco mais de 270 mil unidades.
Finalmente, o RX-7 FD, que viveu entre 1992 e 2002. A terceira geração do RX-7 recebeu tamanhas alterações que se transformou num verdadeiro desportivo, com o bloco 13B a chegar aos 239 CV no modelo europeu. Muitos dos adeptos do RX-7 não hesitam em dizer que este foi o melhor RX-7 em termos de comportamento, sendo que foi, sem dúvida, o mais rápido: 5,3 segundos dos 0-100 km/h e 250 km/h de velocidade máxima. Com 1330 kgs, o carro era muito ágil e divertido de conduzir.
Na Europa, o RX-7 desapareceu em 1996 devido à incapacidade de cumprir com as regras de emissões no Velho Continente. No resto do Mundo, o carro foi sendo vendido e recebeu várias versões como a JDM com 280 CV, que desapareceu em 2002. A Mazda produziu 68 mil unidades do FD em pouco depois, lançou o RX8 em 2003. Tentava replicar o RX7 com uma arquitetura de quatro portas (duas escondidas), mas não era nem nunca foi a mesma coisa. Acabou a sua vida em 2012 com 192.094 unidades produzidas, uma vez mais atingido pela incapacidade de cumprir com as regras de emissões.
A Mazda não desistiu do motor rotativo e na impossibilidade de o oferecer num carro desportivo, vai usá-lo como extensor de autonomia no Mazda MX-30, o crossover elétrico da casa japonesa.