O Japão entrou em recessão pela primeira vez desde 2015, pois sua economia já enfraquecida foi ainda mais prejudicada pelo impacto das medidas de contenção do coronavírus nos negócios nacionais e estrangeiros.
A terceira maior economia do mundo contraiu 3,4% em termos anualizados no primeiro trimestre, segundo os dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta segunda-feira pelo governo japonês.
Analistas alertam para um cenário ainda pior no segundo trimestre já que o consumo caiu depois de o governo ter pedido aos cidadãos, em abril, que permanecessem em casa. O país asiático, que adiou para 2021 a realização dos jogos olímpicos deste ano, estaria caminhando para sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, encerrada com o ataque americano ao país com o emprego de duas bombas atômicas.
O resultado faz com que o Japão seja a maior economia a entrar oficialmente em recessão técnica — geralmente definida com dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB — em tempos de pandemia do coronavírus. No quarto trimestre de 2019, a economia japonesa já havia sofrido uma queda de 7,3%.
A pandemia provocará este ano uma recessão global sem precedentes, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). As duas maiores economias do planeta, Estados Unidos e China, também já espelham em seus indicadores oficiais o impacto da pandemia.
O PIB americano caiu a uma taxa anualizada de 4,8% no primeiro trimestre, pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando o país foi o epicentro da crise financeira global desencadeada pela quebra do banco Lehman Brothers. A crise atual tem sido classificada pelos analistas como a pior desde a Grande Depressão, no início do século XX.
A China, por sua vez, divulgou um tombo de 6,8% em sua economia nos três primeiros meses de 2020, primeiro resultado negativo desde 1992. No Brasil, o IBGE divulga a variação do PIB no primeiro trimestre no dia 26 de maio.
A recuperação não será nada fácil no Japão. A estimativa dos analistas é que a economia do Japão vai encolher 22% em termos anualizados no segundo trimestre, o que seria um recorde. No entanto, evitam estimar o quanto a economia japonesa irá contrair no ano.
— É quase certo que a economia sofreu um declínio ainda mais profundo no atual trimestre (de abril a junho) — disse Yuichi Kodama, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Meiji Yasuda.
De acordo com Izumi Devalier, economista-chefe para o Japão no Bank of America Merrill Lynch, “com o coronavírus, a economia japonesa entrou em choque em uma posição muito fraca”, mas “a coisa realmente grande e feia vai acontecer na edição de abril a junho”.
— Serão três trimestres de crescimento muito negativo. Não é uma imagem muito encorajadora — acrescentou Devalier.
A pandemia do coronavírus vem causando estragos também na economia da União Europeia. Os três primeiros países do bloco a divulgarem o desempenho da atividade econômica do primeiro trimestre registraram tombos históricos.