Um jogo de gato e rato tem se desenvolvido sobre nossas cabeças nos últimos dias. Os personagens são o satélite americano USA 245 (o rato) e o Kosmos 2542 (o gato). A movimentação, detectada no último dia 20 de janeiro, sugere que o russo se aproximou para espionar o americano – e os EUA não podem fazer nada em relação a isso.
Os dois estão agora a menos de 300 quilômetros um do outro (o que é muito pouco, quando se fala em espaço). Quem descobriu a manobra foi o estudante de pós-graduação em astrodinâmica Michael Thompson.
Something to potentially watch: Cosmos 2542, a Russian inspection satellite, has recently synchronized its orbit with USA 245, an NRO KH11.
A thread: pic.twitter.com/LqvYiIYBMd— Michael Thompson (@M_R_Thomp) January 30, 2020
O satélite russo é parte da série dita “de inspeção” Kosmos, cuja missão é observar o funcionamento de dispositivos implantados via um sistema parecido com as bonequinhas russas: um satélite maior solta um menor que libera outro menor ainda. A “mãe”, então, fica de olhos nos “filhos”. O problema é que o dispositivo americano não é Mateus para que o Kosmos 2542 o embale.
“Inspecionar” os outros é comum
Segundo o especialista em política espacial da Secure World Foundation Brian Weeden, os EUA lançaram a onda de satélites inspetores com o Power, em 1990 (os EUA jamais reconheceram a missão). “Não é exclusividade da Rússia. Esse tipo de manobra não acontece todos os dias, mas ocorre, eventualmente”, disse Weeden ao site Technology Review.
Em novembro passado, o Kosmos 2542 liberou em órbita um satélite. Três dias depois, o USA 245 teve que manobrar para desviar do novato – ocasião em que o russo sincronizou sua órbita com a do satélite americano.
Não é crime um satélite seguir o outro. O que resta aos EUA é mover seu dispositivo, o que pode ser um inútil gasto de combustível, pois nada impede que o russo vá atrás dele.