O Japão declarou na sexta-feira estado de emergência para conter o rápido ressurgimento do coronavírus, o terceiro desde o início da pandemia. As medidas em partes do Japão, incluindo Tóquio, não conseguiram conter as infecções causadas por uma nova variante mais contagiosa do vírus.
Aqui está uma olhada em como o estado de emergência difere dos anteriores, quais medidas estão incluídas e se o Japão pode controlar infecções antes das Olimpíadas de Tóquio em julho.
QUÃO RUIM É A SITUAÇÃO DO JAPÃO?
O Japão, com cerca de 550.000 casos e menos de 10.000 mortes, está em melhor situação do que a maior parte do mundo, embora não tão bom quando comparado com outros lugares na Ásia. Não impôs nenhum bloqueio rígido. As infecções diminuíram brevemente em março, mas desde então aumentaram para mais de cinco vezes, ultrapassando 5.000 na quarta-feira. Especialistas alertaram que uma nova variante do vírus, detectada anteriormente na Grã-Bretanha, está se espalhando rapidamente entre os jovens em escritórios e salas de aula, causando casos mais graves, sobrecarregando hospitais e interrompendo o atendimento médico regular. Os testes continuam insuficientes, apesar dos pedidos de aumento de testes para novas variantes em lares de idosos e para os jovens.
QUEM É AFETADO?
O último estado de emergência cobre Tóquio e as prefeituras ocidentais de Osaka, Kyoto e Hyogo, lar de cerca de um quarto da população japonesa de 126 milhões. A emergência de 17 dias começa no domingo e vai até 11 de maio, logo após o fim dos feriados da Golden Week do Japão, para desencorajar viagens. O fim programado, antes da visita prevista ao Japão do presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, em meados de maio, gerou críticas de que o governo está colocando o calendário olímpico acima da saúde das pessoas.
O QUE PODE FAZER UM ESTADO DE EMERGÊNCIA?
As medidas de emergência foram endurecidas por uma lei revisada em fevereiro, e o estado de emergência agora permite que os governadores das províncias nas áreas emitam ordens vinculativas para as empresas reduzirem o horário ou fecharem em troca de compensação diária de até 200.000 ienes, enquanto impõem multas de até a 300.000 ienes para os violadores.
O QUE VAI MUDAR COM AS MEDIDAS ANTERIORES?
Lojas de departamento, shoppings, parques temáticos, bares e restaurantes que servem bebidas alcoólicas, bem como teatros e museus, serão fechados. Os restaurantes que não oferecem bebidas alcoólicas e serviços de transporte público devem terminar mais cedo. Mantimentos e escolas permanecerão abertos, mas as universidades devem retornar às aulas online. A terceira emergência é semelhante à primeira há um ano e mais difícil do que uma segunda em janeiro, que foi limitada aos pedidos de fechamento de bares e restaurantes às 20h.
O PÚBLICO CUMPRIRÁ?
Os residentes são solicitados a evitar passeios não essenciais, trabalhar em casa e usar máscaras e outras medidas de segurança, mas essas são solicitações não obrigatórias. Os especialistas se preocupam se os pedidos serão atendidos, já que muitas pessoas estão cada vez mais cansadas de restrições e menos cooperativas, e têm ignorado os pedidos de distanciamento social em Tóquio, Osaka e outras áreas desde o início deste mês.
COMO A EMERGÊNCIA AFETA AS OLÍMPICAS?
Os organizadores das Olimpíadas de Tóquio e o governo repetiram sua determinação de realizar os Jogos de 23 de julho a 8 de agosto, enquanto a maioria do público apoia o cancelamento ou adiamento. O aumento de casos causou um redirecionamento do revezamento da tocha olímpica após seu início em 25 de março em Fukushima.
E AS VACINAÇÕES DO JAPÃO?
A campanha de vacinação do Japão está atrasada em relação a muitos países, com vacinas importadas em falta. As tentativas do Japão de desenvolver suas próprias vacinas ainda estão nos estágios iniciais. As inoculações começaram em meados de fevereiro e cobriram apenas cerca de 1% dos japoneses. O rápido aumento de novos pacientes nos hospitais aumentou a preocupação com a falta de pessoal e o abrandamento das vacinações. Algumas autoridades mencionaram que os Jogos foram realizados sem público ou cancelados na pior das hipóteses. Os organizadores adiaram a decisão sobre o que fazer com os fãs até junho.